História da Cidade

por Normando Oliveira — última modificação 19/06/2018 20h09
Colaboradores: Rochael Artur Galvão, Jacilene Galvão (Mana)
História da nossa cidade Tibau do Sul

O Município de Tibau do Sul está localizado no litoral sul potiguar, a 76 quilômetros de Natal. Limita-se com os Municípios de Arez, Senador Georgino Avelino, Goianinha, Vila Flor e Canguaretama.

É um Município de belíssimas praias, onde encontram-se as praias de Tibau do Sul centro, Pipa e Sibaúma. Parte do território de Tibau do Sul, compreende as terras ocupadas até o século XVII, pelos índios potiguares da aldeia Vajana, também chamada de Antônia.

O povoado de Tibau nasceu numa área localizada entre a lagoa de Guaraíras e o oceano Atlãntico. Próximo ao local existia um pequeno canal que servia para escoar as águas recebidas pela Lagoa, provenientes do rio Jacu. Por está entre as águas da Lagoa e do Atlântico, recebeu o nome de Tibau, palavra que no tupi significa “entre duas águas”. Esta povoação foi elevada a categoria de vila em 1911. O referido canal, segundo o historiador Helio Galvão, “fora uma reivindicação dos senhores de engenho de Goianinha e Arês, para drenar seus canaviais inundados pelo represamento das águas da lagoa de Guaraíras. A esse canal chamavam cavuco. Estas obras foram realizadas sob a administração de João Pegado, chefe político de Arês, projeto do engenheiro Thompson Viegas, em 1890”.  O canal fora concluído um ano antes da grande enchente, sob a supervisão  do engenheiro Júlio de Melo Rezende.

Hoje a barra do Tibau  talvez tenha uma largura trinta vezes maior que o canal original. Fala-se que tinha apenas dez metros de largura e que a enchente de abril de 1924 o alargou para quase duzentos metros.

Com o rompimento do canal, a lagoa de Guaraíras que antes era composta de água doce, ficou salinizada. Com isso apareceram novidades no ambiente, tanto na flora, quanto na fauna. Desapareceu a flora típica do ambiente aquático doce que deu lugar para o manguezal. Também apareceram os caranguejos, os aratus e alguns tipos de peixe que vivem na costa do Atlântico, além do camarão marinho. Começaram também a surgir os viveiros de peixes, com safras periódicas; a maioria para pescarias anuais no período da semana santa.

A partir de meados da década de 1980, começaram a surgir nas margens da lagoa de Guaraíras, os viveiros para criação de camarão marinho, substituindo as criações de peixes. Atualmente não existe em Tibau do Sul, viveiros para criação exclusiva de peixes típicos da água salgada. Predomina totalmente a criação de camarão marinho em cativeiro. Hoje a carcinicultura é a segunda maior economia do Município, perdendo apenas para o turismo. Em maio de 2017 a Prefeitura realizou o I Encontro do Camarão e da Ostra, no sede do Município.

Helio Galvão diz ainda na carta de número 19, do livro Novas Cartas da Praia, de 1968, que “Tibau do Sul foi edificado três vezes. A primeira frente ao mar. As dunas movediças soterraram a povoação em data imprecisa, aí por 1820 – 1830”.  

A nova vila de Tibau está situada um pouco ao sul daquela que fora arrastada pela enchente de 1924. Sua capela que tem como padroeiro Santo Antônio de Lisboa, foi construída em 1937 e no ano 2016 tornou-se paróquia, tendo como primeiro pároco, o padre Luís Paulo da Silva, que realizou um grande trabalho em todo o Município.

Segundo Miguel Dantas, em seu livro Praias potiguares, página 192, de 2001, “a primeira escola de Tibau do Sul foi criada em julho de 1873, através de concessão da Assembleia Provincial”.  Naquela época as escolas eram exclusivas para alunos do sexo masculino.

A estrada de terra que ligava Tibau do Sul a cidade de Goianinha foi inaugurada a 27 de janeiro de 1952, pelo governador Sylvio Pedrosa, atendendo pedido do então diretor do Serviço Estadual de Reeducação e Assistência Social, o doutor Helio Mamede de Freitas Galvão, um tibauense do sul que muito amava a sua terra.

Em 1953, através da lei nº 960 de 30 de novembro, a vila de Tibau, tornou-se distrito pertencente ao Município de Goianinha. Recebeu o acréscimo “do Sul” para diferenciar do outro Tibau que fica próximo a cidade de Grossos, na microrregião de Mossoró e faz parte do litoral norte dessa terra de Poty.

Com a elevação á categoria de distrito, as buscas por melhorias na infraestrutura continuaram, principalmente na área da educação, que parece ter sido prioridade para aquele que mais pedia para sua antiga aldeia de pescadores, o já mencionado doutor Helio Galvão. Foram construídas escolas com recursos do governo do Estado, nas comunidades de Umari, Piau, Manimbu, Cabeceiras, Pipa e na sede do Município. O projeto de lei que criou o distrito de Tibau do Sul, foi apresentado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, pelo então Deputado Estadual Genésio Cabral, a pedido verbal do doutor Helio Galvão, de quem era amigo.

No dia 04 de abril de 1963, o distrito de Tibau do Sul foi elevado á categoria de Município, através da lei nº 2.863 de 03 de abril de 1963. Na referida lei o Município ficou autorizado a abertura de um crédito de CR$ 300.000,00 (trezentos mil cruzeiros) para despesas de instalação da nova cidade. Os limites terrestres estabelecidos na lei de sua criação, foram demarcados sob o comando do senhor Ulisses Galvão Tavares, que tornou-se o primeiro prefeito municipal, tendo sido nomeado pelo então governador Aluízio Alves para administrar os destinos da cidade durante o período de abril de 1963 a janeiro de 1964.

A partir dos anos de 1980, principalmente com o asfaltamento da estrada RN 003, também conhecida como Rodovia Helio Galvão, que teve início no ano de 1986 e conclusão no ano seguinte, Tibau do Sul começou a passar por grande transformação em sua economia. Surgia o turismo, com destaque para a praia da Pipa. Pipa que fora uma aldeia de pescadores, descendentes de índios, que servia como praia de veraneio para as famílias abastadas de Goianinha, passou a receber visitantes turistas e surfistas que encantavam-se com as belezas naturais existentes nessa praia. A fama de suas belezas foram se espalhando e em pouco tempo a praia  da Pipa deixava de ser apenas uma praia de veraneio para ser uma praia cosmopolita, divulgada e conhecida nacional e internacionalmente, pelas suas falésias, seu santuário ecológico, sua gente, culinária,  hospitalidade e pelo clima. Dentre as belezas naturais destacam-se os espetáculos  exibidos pelos golfinhos numa área que ficou conhecida como Baía dos Golfinhos. Pipa possui uma excelente estrutura turística, com hotéis, pousadas, restaurantes, boates, spas etc.  

Neste ano de 2018, Tibau do Sul foi elevado a categoria “A” no turismo nacional, em avaliação do Ministério do Turismo.

O topônimo Pipa é justificado em razão de uma pedra localizada à beira-mar, cuja forma assemelha-se a uma pipa (vasilha de guardar bebidas). Seus antigos moradores indígenas mantiveram comércio de pau-brasil com os franceses a época da invasão do litoral potiguar. Pipa tem registro em mapas 1515, de Reinel, pai, como “Oratapipy”; 1550, de Pierre Descaliers, como “ Oracampica”; 1574, de Luís Teixeira, como “Itacoatisara”; 1625, de Jodocus Honduís, como “Ponta da Pipa”; 1626, de Albernoz, como “Itacoatiara”; 1643, de Macgrave, como “Tapuya paraçoitaba ou pta da pipa”.

A igreja católica da praia da Pipa começou a ser construída em 1952. Mas, fora concluída e inaugurada em 1955. Está localizada de frente para o mar. Tem como padroeiro São Sebastião. Segundo a tradição oral, em 1919 passou  na praia da Pipa um navio espanhol com destino ao Pará que espalhou pelo Brasil a Febre Espanhola. Dona Chica, da família Castelo, resolveu pedir a São Sebastião, do qual possuía uma imagem, que livrasse o lugar daquela peste. Caso fosse atendida faria uma igreja para o santo e ele seria a partir de então o padroeiro do lugar.

Pipa tornou-se distrito através da lei nº 379 de dezembro de 2008, a partir de um projeto de lei municipal apresentado à Câmara Municipal de Tibau do Sul, pelo então vereador Manoel Messias Marinho.

O turismo não ficou apenas na praia da Pipa. Expandiu-se para a praia do centro de Tibau do Sul e para a praia de Sibaúma. No centro, destaca-se a praia do Giz com as belíssimas falésias e a ponta do Pirambu com a sua belíssima paisagem vegetal contrastando com o mar azul. A infraestrutura turística se faz presente.

A praia de Sibaúma já recebe turistas e conta com estrutura de hotéis e restaurantes. É uma antiga sesmaria doada pelo governo da colônia, em 28 de fevereiro de 1614, ao português Gregório Pinheiro. Das terras de Sibaúma saíam mantimentos para alimentar soldados na Fortaleza dos Reis Magos, em Natal, em épocas de escassez. Posteriormente estas terras passaram a pertencer ao português José Pinheiro, irmão do Gregório. No século XIX, Sibaúma pertenceu ao professor Teódulo Câmara, quando fora ocupada pelos “Leandros” que ali formaram uma comunidade quilombola, cercada pelo mar e pelas matas. Na década de 1970 aconteceu a abertura da estrada ligando a Comunidade ao centro da cidade, foram construídas 15 (quinze) casas populares para moradores nativos, uma capela que tem como padroeiro São Francisco de Assis e uma escola primária que hoje funciona com o ensino fundamental completo e leva o nome do Padre Armando de Paiva, pároco de Goianinha, que participou ativamente do processo de alfabetização dos nativos da comunidade, com a construção de um barracão para servir como escola.  Sibaúma foi tema de reportagem de uma edição da Revista Realidade, de São Paulo, SP, no ano de 1969, com o título de capa “Herdeiros de Zumbi”.  

Além de Pipa, agora distrito e Sibaúma, Tibau do Sul possui as comunidades de Umari, Piau, Bela Vista, Manimbu, Munim, Cabeceiras e Pernambuquinho. Todas localizadas  as margens da RN 003.

Tibau do Sul, RN, 24 de abril de 2018.

Autor: Rochael Artur Galvão

Fontes consultadas:

Novas Cartas da Praia, 1968. Edições do Val  -   Helio Galvão

Praias potiguares, 2001, Editora Foco   -   Miguel Dantas